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domingo, 3 de janeiro de 2010

LENDAS DO FUTEBOL

Como guarda-redes, nunca esqueci a final da liga dos campeões ganha pelo Steua de Bucarest, foi algo que ficou na minha memoria, as defesas do guarda-redes romeno,Foi a 7 de Maio de 1986 que Helmuth Duckadam, guarda-redes do Steaua de Bucareste, defendeu quatro penaltis do Barcelona e ajudou assim a equipa de Valentin Ceausescu (irmão do ditador Niculae, da Roménia) a vencer o todo-poderoso conjunto catalão. O jogo, disputado em Sevilha perante 55 mil espanhóis e nem uma sombra romena, tinha terminado com 0-0 no final dos 90 minutos. Idem aspas, após o prolongamento.
O Deus até então desconhecido da baliza do Steaua (onde jogava também um tal de Laszlo Bölöni, como avançado) já havia feito as defesas impossíveis da frente a Schuster, Archibald e companhia, mas foi no desempate por penaltis que atingiu o estatuto mítico. Ainda me lembro do nome dos quatro jogadores do Barcelona que viram Duckadam negar-lhes o golo: Alexanco, Pedraza, Pichi Alonso e Marcos. O Steaua acabou por ganhar a Taça por 2-0, sendo Lăcătuş e Balint a converter os dois tentos da vitória.
O mais impressionante de tudo, no entanto, é que pouco tempo depois dessa inesquecível final, Duckadam, com apenas 27 anos, deixou de jogar futebol. Segundo parece, depois de sofrer uma trombose que deixou parcialmente paralisado o lado direito do seu corpo. Houve na altura especulações acerca do que o regime de Ceausescu lhe teria feito para o impedir de se transferir para uma equipa de um país ocidental. O Steaua de Bucareste não era uma equipa qualquer na altura, e não foi por acaso que ganhou essa final e que dois anos mais tarde alcançaria a meia-final da Taça dos Campeões (eliminado pelo Benfica) e em 1988/89 a final (derrota com o AC Milan). Era a equipa patrocinada pelo Ministério da Defesa romeno e naquele tempo era tão impensável ver um futebolista de um país comunista transferir-se para um clube ocidental como imaginar o Benfica alguma vez entrar em campo sem um único jogador português. Falou-se em vários clubes italianos, nomeadamente a Juventus, mas já se sabe como são estas coisas.
Às figuras míticas só as lendas fazem justiça. Na verdade (e não há nada como a verdade para nos surpreendermos) Duckadam já estava com dores antes da final de Sevilha. Mas não contou a ninguém, claro, para pelo menos poder fazer esse jogo e entrar para a História do futebol. Tinha uma artéria pulmonar demasiado ampla para o sangue fluir para outros vasos sanguíneos e foi esse afunilamento que lhe provocou a lesão e o impediu de continuar a carreira profissional.
Em 1989 ainda voltou a fazer uns jogos, num clube da segunda divisão romena, o modesto Vagonul Arad. Mas até isso torna ainda mais gloriosa aquela noite de 7 de Maio de 1986.


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