ENTREVISTA A RITA LATAS

Rita Latas é neste momento no nosso distrito uma referencia no futebol feminino no Alentejo, grande qualidade técnica, juntando-lhe uma excelente atitude sempre em prol do colectivo.
Viveu esta época um ano de sonho a nível desportivo, campeã distrital pelo Juventude em Futsal, vencedora do prémio de melhor jogadora e chamada a selecção portuguesa de futebol de 11 sub-19.

João Prates- Este foi o melhor ano da tua vida desportiva?
Rita Latas- Esta época correu-me de forma muito positiva com todos os acontecimentos que lhe sucederam, nomeadamente o prémio de melhor jogadora e a chamada à selecção. Foi uma época de vitórias (tanto pessoais como colectivas) e penso que consegui alcançar todos os objectivos a que me tinha proposto no início da época, por isso não poderia estar mais feliz. De facto, foi o melhor ano.
João Prates- Qual foi o momento mais importante para ti se o conseguires distinguir, o troféu de melhor jogadora de futsal ou a chamada a selecção nacional de sub.19 de futebol?
Rita Latas- Ambos os momentos tiveram muito significado para mim por isso é difícil distinguir qual o mais importante. Posso dizer que a chamada à selecção tem sempre um sabor diferente... o reconhecimento do nosso valor a nível nacional no mundo desportivo é uma das melhores sensações que se pode ter. No entanto, há que referir que não o teria conseguido se a nível distrital não tivesse sido apoiada e ajudada de maneira a chegar a esse patamar.
João Prates- Como viveste essa experiência na selecção? Que significou para ti?
Rita Latas- A experiência na selecção foi o realizar de um sonho. Já ambicionava ser chamada há muito tempo e poder recordar, neste momento, as semanas que lá passei é realmente muito gratificante e fruto de um trabalho desenvolvido durante anos. São momentos que nunca se esquecem e que deixam sempre uma grande marca.
João Prates- Existe esperanças de voltar? O que te foi dito?
Rita Latas- A grande vontade que tenho de viver tudo novamente leva-me a manter as esperanças de que posso voltar. Integrei três dos quatro estágios que antecediam a convocatória final para o apuramento do Campeonato Europeu e para mim já foi uma vitória ter permanecido durante essas três semanas. Claro que a tristeza está sempre presente ao pensar que faltou muito pouco para ter a oportunidade de vestir a camisola de Portugal num jogo oficial mas, tal como foi dito às jogadoras que não ficaram, é uma questão de continuar a trabalhar para no próximo ano mostrar ainda mais qualidade.
João Prates- Sendo tu jogadora de futsal, foi fácil integrares-te no treino de futebol de 11?
Rita Latas- Devo admitir que foi um pouco complicado ao início. O futsal é muito diferente do futebol de 11 a todos os níveis. A resistência tem que ser gerida de outra forma, as marcações são diferentes e é dado mais ênfase ao jogo colectivo, não permitindo tanto que o individual sobressaia. Ao longo dos treinos fui conseguindo adaptar-me e as coisas começaram a sair melhor e de forma mais natural.
João Prates- Como é a competição entre as mulheres? cada uma luta pelo seu lugar ou existe uma maior proximidade do que existe no futebol masculino?
Rita Latas- Apesar de estarmos a lutar por um lugar na equipa, mantivemos sempre um bom relacionamento entre todas. A competição existe mas sempre de forma saudável para o espírito de grupo não ser prejudicado. Acho que durante os estágios foi bem visível a entre ajuda e o apoio para que todas conseguissem dar o melhor de si.
João Prates- Sentiste sempre o apoio da tua família para praticares futebol ou existiu alguma dificuldade em aceitar isso?
Rita Latas- Há uma grande tendência para as famílias não aceitarem que as filhas gostem ou pratiquem futebol por, supostamente, ser um desporto para rapazes. Felizmente, nunca tive esse problema. A minha família apoia-me desde sempre e espera que eu consiga chegar longe e atingir todas as metas.
João Prates- A nível de estudos, consegues conciliar com o futebol, ou existe dificuldades?
Rita Latas- Até hoje nunca tive problemas em conciliar os estudos com o futebol. É uma questão de gerir bem o tempo e definir prioridades, sendo que também tenho tempo para sair como qualquer outra pessoa da minha idade. O mais difícil para mim é ter de abdicar de algumas coisas para que não fique prejudicada no futebol ou na escola.
João Prates- Em termos futuros, quais são os teus objectivos no futebol e na vida particular, o que sonhas atingir?
Rita Latas- A nível de estudos pretendo tirar o curso de ciências da comunicação e envergar pela área do jornalismo; gostava imenso de trabalhar numa estação televisiva. Por outro lado, tenho como objectivo sair de Portugal e ir jogar para um clube estrangeiro. Se surgisse a oportunidade de estudar e jogar no estrangeiro seria perfeito.
João Prates- Algumas palavras que queiras deixar aos leitores deste blogue?
Rita Latas- Aconselho todas as pessoas a lutarem pelos seus sonhos porque se a própria vontade for superior a todas as contrariedades que a vida pode criar, mais cedo ou mais tarde o sonho torna-se real. "Que nunca morra a esperança que guia para a ambição de vencer. O que seria da vida sem um sonho?