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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ENTREVISTA A JOÃO DE DEUS, TREINADOR DO CEUTA

João de Deus é mais um jovem a despontar entre os treinadores portugueses e como muitos começou no estrangeiro, foi seleccionador de Cabo Verde e agora está em Espanha no Ceuta onde teve a chance de defrontar o super Barcelona. Como jogador fez a sua carreira no Vitoria de Setúbal.



João Prates- Como surgiu a hipótese de trabalhares em Cabo Verde?
João de Deus- Apos ter sido treinador assistente na referida selecção tomando progressivamente conhecimento da realidade reinante do futebol no pais, tomei a liberdade de elaborar um projecto que visava o desenvolvimento do futebol base na escola de futebol FCVF.
A elaboração desse referido projecto, juntamente com a imagem positiva que tinha deixado aos responsáveis federativos acerca do trabalho desenvolvido pela selecção nacional A, levaram a que o presidente da FCVF me endereçasse um convite para dirigir a equipa nacional nas eliminatórias conjuntas do CAN e mundial 2010, esse convite foi rejeitado, uma vez que não tinha interesse em assumir um projecto a curto prazo.
Desse modo propus a elaboração de um novo projecto denominado «Cabo Verde, 2008/2014», no qual o objectivo passava por alcançando metas intermédias, colocar o pais no campeonato do mundo de 2014, esse projecto foi aceite e desse modo iniciei funcoes como DTN e seleccionador nacional A de Cabo Verde.
João Prates-Como foi viver essa experiência? Quais as principais dificuldades que sentis-te?
João de Deus- Foi até ao momento a mais grandiosa experiência profissional vivida, uma vez que pude observar a criação/ realização de muitos projectos que influenciaram a continuam a influenciar o desenvolvimento do futebol no pais. Ao nível das maiores dificuldades sentidas, essencialmente foram dois tipos: o primeiro de índole financeira (reflexo da realidade reinante no pais em termos económicos) e o segundo, prendeu-se com o facto de ser extremamente complicado mudar mentalidades no sentido de aceitarem uma realidade mais evoluída que preconiza a cientificidade e que rompe totalmente com o marasmo que era até então a forma de ver e pensar o futebol em Cabo Verde.
João Prates- Concordas que África é um verdadeiro viveiro de jogadores?
João de Deus- Não só concordo como tenho a convicção que quanto mais técnicos europeus (devidamente capacitados) trabalharem no continente Africano e, esses trabalhos forem realizados cada vez mais ao nível da formação, irão potenciar ainda mais o já de si vasto «viveiro» existente.
João Prates- O que achas que falta ao futebol Africano para atingir resultados mais relevantes?
João de Deus- Mentalidade ( por parte de jogadores, treinadores e muito especialmente dirigentes) deixarem de ser vistos como países africanos e portanto distantes dos potencias ganhadores existentes no continente americano e europeu.
E acima de tudo organização.
João Prates- Agora no Ceuta, como foi a experiência de defrontar o Barcelona?
João de Deus- Foi uma experiência gratificante e que me passou a influenciar a minha linha directa de raciocínio que sigo no que respeita a concepção do próprio jogo em si.
João Prates- Em termos de metodologias de treino, quais são as tuas referencias?
João de Deus- Actualmente as minhas referencias são as sensações que tanto eu como os meus assistentes Nikola Popocich e Marco Tábuas, vamos vendo em função dos jogos e processo de treino que vamos realizando.
João Prates- Como é o teu microciclo de treino no Ceuta?
João de Deus- Treino de recuperação ( terça), Treino de desenvolvimento do rendimento, (quarta), desenvolvimento do rendimento (quinta), desenvolvimento do rendimento ( sexta), recuperação fisiológica (sábado), jogo (domingo).
João Prates- Quais os aspectos que consideras importantes para a coesão de uma equipa?
João de Deus- Vitórias, justiça ( nem sempre possível no futebol profissional), estabelecimento de laços interpessoais entre jogadores.
João Prates- Sendo ainda um treinador jovem, quais os teus objectivos futuros?
João de Deus- Como objectivo futuro, tenho o de me manter no activo e, um dia poder voltar a trabalhar no meu pais.
João Prates- Algumas palavras que queiras deixar aos leitores deste blogue?
João de Deus- Que de algum modo esta pequena entrevista possa ter algum impacto positivo nas ideias e concepções de trabalho de todos aqueles que a lerem.




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