ENTREVISTA A FERNANDA BILÉU, GUARDA-REDES DE FUTSAL DO LUSO MORENSE

Nem só o desporto profissional é noticia, a nível amador muitas pessoas merecem um pouco de atenção pela sua dedicação ao desporto ás vezes prejudicando a sua vida privada para cumprir as suas obrigações com o clube.Uma delas é Fernanda Biléu,que se tem destacado pela magnificas exibições na defesa das suas redes, natural de Mora, 40 anos de idade e a viver nas Caldas da Rainha que é jogadora do Luso Morense, Futsal feminino, e que faz muitos km para poder treinar e jogar, podendo assim fazer algo em que tem gosto, jogar futsal!

João Prates- O que a levou aos 40 anos e com uma vida bastante ocupada a fazer tantos km para integrar a equipa de futsal do Luso Morense?

Fernanda- O gosto pelo futebol e pela prática desportiva juntamente com o gosto que tenho em manter bem vivos os laços com a minha terra.

João Prates- É importante a este nível as atletas competirem mais pelo desporto e amizade do que propriamente pela competição ou acha que o mais importante é mesmo a competição?

Fernanda- Obviamente que não. O mais importante, penso eu, é praticar desporto e simultaneamente criar laços de amizade e camaradagem que só um desporto colectivo, como é o caso do futebol, consegue fomentar. A competição também é importante, até porque nós também temos os nossos objectivos, mas não é com certeza o mais importante.

João Prates- Este é um projecto que tem dois anos e nota-se a evolução a nível individual das atletas, acredita que este será um projecto para continuar no futuro?

Fernanda- Claro que sim, nem faria sentido outra coisa, depois de todo o percurso que já fizemos e da enorme evolução que todas as atletas tiveram, acho que o projecto do Futsal Feminino já deu mostras que tem "pernas para andar" e que o futuro está garantido, não só com as atletas que transitaram do ano passado mas também com as que iniciaram este ano, todas elas já demonstraram que têm grande potencial.

João Prates- Enquanto atleta não acha prejudicial ao nível do treino não existir um treinador fixo? Não acha que esse era um aspecto a melhorar?

Fernanda- Quando falamos de desporto amador, em que as atletas e até os treinadores têm as mais variadas profissões, com as exigências e a competitividade que a vida profissional hoje em dia impõe, torna-se muito complicado responder e estar presente a todas as solicitações. Todos nós gostaríamos de dar muito mais, mas por vezes isso não é possível. Evidentemente, se existisse um treinador fixo ou se os dois treinadores pudessem estar sempre presentes, isso seria óptimo, mas a nível do desporto amador é muito complicado.

João Prates- Estando numa posição previligiada do campo que é a baliza , onde vê as suas colegas actuar, o que acha que melhorou nestes dois anos? eu noto melhorias ao nível técnico, nomeadamente a Paulinha, Alexandra e a Daniela mas a nível de princípios de futsal esta equipa ainda tem muitas dificuldades, concorda?

Fernanda- Quando se formou este grupo, a grande maioria das atletas nunca tinham jogado futebol nem dominavam uma bola de futebol. Estávamos, como que, na 1ª etapa do processo evolutivo. Foi, de facto uma evolução brutal, em que as atletas sentiram elas próprias essa evolução e em que o entusiasmo foi enorme. Claro que nem todas evoluíram da mesma forma e com a mesma rapidez, mas todas deram o salto qualitativo a nível técnico.Quando passamos para o nível dos princípios de futsal, (tácticas, movimentações, etc) as dificuldades são maiores e a evolução é muito mais lenta. Mas eu confio na capacidade e no empenho de toda a equipa (atletas e técnicos) e estou convencida de que vamos superar essa etapa.

João Prates- O facto de existirem atletas mais velhas é importante para a integração das mais novas na modalidade? a criação de laços de amizade nestas equipas é importante para o seu crescimento?

Fernanda- Julgo que sim, não só pela experiência desportiva como também pela maturidade pessoal. Como mais velhas devemos incentivar a progressão e apoiar as atletas mais novas para não desanimarem quando as coisas não correm tão bem como desejaríamos. Só se consegue crescer em termos colectivos se formos solidárias umas com as outras e mantermos um balneário coeso.

João Prates- A nível pessoal o que ambiciona ainda atingir enquanto atleta?

Fernanda- Continuar a ser a Guarda Redes do Luso Morense, praticar desporto e divertir-me.

João Prates- Que conselho deixa a quem quer praticar esta modalidade?

Fernanda- Se gostam de praticar desporto e de futsal, força, vão em frente.

João Prates- Quer dizer alguma coisa aos leitores deste blog?

Fernanda- Que continuem a consultar o blog e a ler os seus artigos e a discutir as suas matérias, mas com civismo e respeito pelo outros.